Os agentes penitenciários do Rio Grande do Norte continuam enfrentando a falta de condições de trabalho e a insensibilidade do Governo do Estado, que ainda não acenou com nenhuma proposta para iniciar a negociação esperada pela categoria, que também espera um reajuste salarial de 45 por cento. São 902 homens e mulheres que, diariamente, desempenham suas funções em locais insalubres, sujos, destruídos pelas constantes revoltas dos apenados, como as que ocorreram na manhã desta quarta-feira (14) no Presídio Estadual de Parnamirim e à tarde na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, projetada para abrigar 420 detentos e hoje comporta 700.
O clima ficou tenso durante toda a tarde, em Alcaçuz. Presos que estavam no pavilhão da "Adaptação" (onde ficam os novatos no sistema prisional), porque haviam escavado um túnel no Pavilhão 4, no sábado passado, se rebelaram, arrombaram grades, espancaram um colega e só se acalmaram com a chegada do Grupo de Operações Especiais (GOE), formado por agentes penitenciários, que compram armas, munições, coletes balísticos e uniformes para poderem atuar, e após a transferência da maioria para o setor de origem, que já teve o buraco fechado.
Enquanto agentes penitenciários davam tiros com munição de borracha para tentar conter a ira dos presos da "Adaptação", os apenados do Pavilhão 1 ateavam fogo em colchões e gritavam que "ia morrer muita gente". O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas ao chegar o fogo já havia sido apagado e os bombeiros militares trabalharam nos primeiros socorros ao preso espancado e a outro que se feriu na mão e braços esquerdos durante a confusão.
A imprensa teve acesso ao presídio e registrou as cenas de terror vividas pelos agentes penitenciários, detentos e suas companheiras que os visitavam. Uma comissão foi à Assembleia Legislativa, liderada pela vice-presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores do Sistema Penitenciário, Vilma Batista da Silva, pedir apoio aos deputados para que a negociação com o Governo do Estado ocorra o mais rapidamente.
Com informações do Sindasp/RN
O presidente do Sindasp, Alexandre Medeiros, acompanhou tudo que aconteceu em Alcaçuz e disse que a rotina da sua categoria é viver daquele jeito, sob forte clima de tensão, administrando crises e temendo que, a qualquer momento, uma tragédia possa acontecer, caso os detentos consigam arrombar todos os pavilhões, o que não difícil acontecer diante da destruição na estrutura de todos eles, e venham a ser contidos pelos agentes penitenciários.
Não existe nenhum reforço policial na Penitenciária de Alcaçuz. Nesta quarta-feira, até agentes penitenciários que estavam de folga foram trabalhar, como forma de prestar solidariedade aos colegas.
Um dos momentos mais tensos da tarde desta quarta-feira (14) foi quando nove detentos quiseram sair da "Adaptação" e precisaram passam por um estreito espaço entre dois elementos de concreto armado. Eles choravam quando conseguiam passar e agradeciam aos agentes penitenciários, que os protegeram de um possível ataque de rivais. Um dos presos só passou porque outro, usando uma marreta, quebrou parte da alvenaria, para facilitar o acesso.
Alexandre Medeiros explicou que a categoria continua esperando uma sinalização do Governo do Estado. Caso nenhuma proposta que atenda, pelo menos parcialmente as reivindicações do grupo, seja feita, os agentes penitenciários entrarão em greve neste sábado (17), piorando, ainda mais, o caótico quadro do sistema prisional potiguar, que está falido e esquecido pelas autoridades do poder executivo.
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