Em todas as línguas do mundo existe um mesmo ditado: “o que os olhos não veem, o coração não sente”. Pois, eu afirmo que não há nada mais falso do que isso. Porque quanto mais longe, mais perto do coração estão os sentimentos que procuramos sufocar e esquecer.
Se estamos no exílio, queremos guardar cada pequena lembrança de nossas raízes. Se estamos distantes da pessoa amada, cada uma que passa pela rua nos faz lembrar dela.
Os evangelhos, e todos os textos sagrados, de todas as religiões, foram escritos no exílio; em busca da compreensão de Deus, da fé que movia os povos adiante, da peregrinação das almas errantes pela face da terra.
Não sabiam os nossos antepassados, e tampouco nós sabemos, o que a Divindade espera de nossas vidas – e é nesse momento que os livros são escritos e os quadros pintados. Porque não queremos e não podemos esquecer quem somos.
PAULO Coelho
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