08 novembro 2011


Dando uma ligeira olhada pelo retrovisor da política do Alto Oeste potiguar e da Capital, pude perceber que são pouquíssimos os casos – raros até - em que os acordos firmados durante a pré-campanha são cumpridos após a fatura carimbada; principalmente, quando o gestor que sai consegue eleger o sucessor. 

Na maioria das vezes, o fogo amigo começa porque quem perde o direito ao assento e a validade do diploma emitido pela Justiça Eleitoral, normalmente fica com a idéia equivocada na cabeça de que continua dispondo de uma caneta cheia de tinta na mão e que o cartão de autógrafo institucional na agência bancária ainda aceita sua assinatura. Daí, surgem as primeiras faíscas do incêndio.

Dizem a boas línguas que esse pode ter sido um dos motivos da “arenga” entre os ex-prefeitos, Dedezinho e Dr. Pio X Fernandes, lá em Luís Gomes.

Mas também existem os casos corriqueiros de ingratidão. Não são poucos os políticos que estão sentados à direita, ao centro e à esquerda do poder que, dificilmente, seriam eleitos, sequer, a presidente de time de futebol. Só conseguiram o triunfo às custas de um bom cabo eleitoral que lhes transferiram o bastão, em forma de votos. Passada a lua-de-mel, as criaturas, num gesto de mesquinhez, deram com as duas patas na cara e na região glútea dos criadores.

Em José da Penha, por exemplo, aconteceu isso. A família Dólar cresceu nas costas de Dr. Raimundinho Abílio e, até hoje, eles acreditam que chegaram ao topo por méritos pessoais, ganharam uma escritura pública da cidade e vão se perpetuar ali. No município de Rodolfo Fernandes, Chiquinho Germano vive a mesma situação. Elegeu dois parentes, inclusive, uma sobrinha, e levou dois coices no escutador de pilhérias. Wilma de Faria, em Natal, também foi traída duas vezes: por Aldo Tinoco e Carlos Eduardo. Lá em Patu, Ednardo Moura, que quase morre esbaforido e bota os "bofes" pra fora para eleger Possidônio Queiroga (“Popó”), teve os laços cortados na hora do discurso da posse.

Bem ali, em Antônio Martins, Dr. Zé Júlio emplacou Edmilson Fernandes e já levou um canto de carroceria. No município de Venha Ver, Expedito Salviano ajudou a eleger Socorro Fernandes em 2004, pouco tempo depois, eles se tornaram adversários ferrenhos e disputaram, quase que no bofete e tapa-olho, o pleito de 2008.

Taboleiro Grande é outra situação clássica. A então prefeita Fátima Bessa, em 1988, apoiou Flázio Bessa (“Tubo”) e venceu. Passados poucos dias, ele deixou até de falar com ela e, mais adiante, os dois morreram abraçados politicamente. Nos dias atuais, existe uma querela parecida entre Maria Miriam e Djalma Pereira, que a elegeu. Ela não devolverá a gentileza, bateu o prego, virou a ponta e já indicou a sobrinha, Darcilene Pinheiro, como sua sucessora. Na querida Marcelino Vieira também não existe nenhum entendimento, pelo menos por enquanto, entre o prefeito, Dr. Ferrari Oliveira e Iramar Oliveira, que o colocou na chefia do executivo e pretende voltar a conduzir os destinos dos vieirenses.

Pois, é. O jogo político é assim, marcado por todo tipo de blefe e interesses escusos. Os amigos e aliados de ontem - e de ocasião - tornam-se, num piscar de olhos, adversários do presente; quando não se transformam em “cães de carne” e "inimigos de sangue e fogo”.     
Mas, nem tudo está perdido, nem cheira a ingratidão e barganha pessoal por essas bandas desse imenso Brasil de meu Deus. Existem pessoas sérias e  de princípios cujo fio de bigode e a palavra empenhada servem mais do que um documento autenticado em cartório.

Aqui em Pau dos Ferros, num passado distante, houve uma dobradinha que perdurou: Dr. José Fernandes de Melo e Dr. José Edmilson de Holanda. O revezamento ou alternância do poder, como em batida nas duas pontas em jogo de dominó, foi “lá e lô” por bastante tempo. Nessa nova era também poderá se repetir uma parceria salutar e perene entre Leonardo Rêgo/Fabrício Torquato/Leonardo Rêgo/Fabrício Torquato . . .

Na vizinha cidade do Encanto existiu uma aliança duradoura, sincera, leal e verdadeira entre Gonçalo da Silva Filho (“Gonçalinho”) e Osvaldo Januário do Rêgo. Eles governaram aquele município por muitos anos. Depois, em função da idade, entregaram o bastão a Gonçalo Neto, que administrou aquela urbe por três mandatos eletivos e, hoje, é um potencial candidato para tomar a bastilha, voltar ao comando da Terra de São Sebastião e recuperar os quatro anos de atraso que, contados em dobro, chega-se à soma de oito anos perdidos e dissipados por entre os dedos, como acetona em mão de manicure.

Foto ilustrativa: Dreamstimes  
    

 

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