01 agosto 2011

A máxima que afirma que quem ganha será governo e quem perde exercerá o direito de ser oposição, há muito está caindo por terra. Tem sido assim em quase todos os estados brasileiros. E aqui no Rio Grande do Norte a situação não poderia tomar outro rumo.

Ora, a governadora, ROSALBA Ciarlini, foi eleita em 2010, no primeiro turno, mas não conseguiu fazer maioria na Assembleia Legislativa; o que se configurou, em tese, numa grande barreira para aprovar projetos na Casa de interesse do executivo.

Passados sete meses de administração, o quadro já começou a se redesenhar e tomar contornos diferentes. A base governista, hoje, conta com 11 deputados e poderá se elastecer para 17 logo após o recesso parlamentar, que termina nesta terça-feira (02/08). Pois, comenta-se nos bastidores políticos – e nas calçadas da fama e difamação também – que mais quatro deputados do PMDB (Hermano Morais, Gustavo Fernandes, Poty Júnior e Nelter Queiroz) passarão a integrar o governismo. Walter Alves e José Dias já falavam a língua do Rosalbismo. Gustavo Carvalho (PSB) e Agnelo Alves (PDT), também passarão a dar sustentação à gestão DEMocrata. 

Essa reviravolta na política potiguar deve-se, na sua inteireza, à habilidade do deputado federal, Henrique Alves, e do vice-governador, Robinson Faria, que, juntos, por interesses comuns (um almeja ser Governador e outro Senador) estão fazendo de tudo para ampliar seus apoios futuros às custas da chamada “governabilidade”. 

Usando a oração de São Francisco de que “é dando que se recebe”, os novos aliados, certamente, vão exigir seu quinhão que deverá ser o loteamento de Secretarias Estaduais; até o dia em que lhes for conveniente responder pelas pastas, após o usufruto destas. 

TORRE DE BABEL


As diversas correntes heterogêneas que tentarão se misturar na base político-administrativa do governo Rosalba, podem figurar, também, como o começo da construção de uma Torre de Babel, briga por espaços e falta de entendimento entre os “amigos de primeira hora” e os “aliados de ocasião”. Isso poderá redundar, ainda, numa enorme confusão nas eleições de 2012, face às peculiaridades de cada município; onde partidos aliados no plano estadual se digladiarão na arena local. 

Daí, a pergunta que não quer calar: nessa salada mista, angu de caroço e samba do crioulo doido, em que a sobrevivência política dita as regras, quem se aliará a quem e quem subirá no palanque de quem na eleição do próximo ano se, como no casamento, todos deveriam ser “uma só carne” e, ao contrário, serão "inimigos íntimos"?

O filme, em tela, é uma reprise, em preto e branco, do que já vimos num passado recente. Pois, conchavos semelhantes foram feitos com os governos de Vilma de Faria e Iberê Ferreira, até quando a dupla dinâmica protagonista dessa arte cênica pode derivar dividendos políticos daquela aliança. Depois disso, vendo seus projetos pessoais indo por água abaixo, pularam fora do barco, deixaram os PSBistas morrerem abraçados num mar revolto e foram nadar noutra praia de ondas mais calmas.

Não é novidade para ninguém que o deputado, Henrique Alves, já está em plena campanha com vista à única vaga ao senado em 2014. Na mesma lida, caminha Robinson Faria, com os olhos bem arregalados para o cargo maior do Estado potiguar. Prova disso, são as andanças e mexidas no tabuleiro que ambos têm feito nos últimos dias pelos municípios. Um, filiando prefeitos e pré-candidatos ao cargo. E o outro, que já controla o PMN e o PP, tentando, a todo custo, legalizar o PSD no Rio Grande do Norte no intuito de atrair uma leva de chefes de executivos municipais à nova sigla, e se fortalecer para os embates eleitorais vindouros.

Todo esse movimento leva-nos a uma certeza absoluta: o Rio Grande do Norte deverá ter o fator RH (ROBINSON e HENRIQUE) disputando cargos majoritários em 2014. Logo, os adversários de ontem, que passarão a ser aliados de hoje, poderão se tornar, outra vez, os antagonistas de amanhã. Os leões ferozes e famintos estão rugindo, novamente, à caça das suas presas. Quem quiser – e puder - que livre a pele, enquanto ainda há tempo. 

Tenho dito!

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